quinta-feira, 28 de maio de 2009

Fechando as cortinas

por Duda Martins

Infelizmente, a overdose de arte proporcionada pela terceira edição do Festival de teatro e dança Palco Giratório do Recife-2009, está chegando ao fim. Durante todo o mês de maio, os recifenses tiveram a oportunidade de curtir os mais variados tipos de espetáculos cênicos. Uns bons, outros excelentes e outros nem tanto. Mas gosto é gosto, então, não discutamos. Ao todo, participaram do Festival 37 companhias, vindas de nove estados do país, que enriqueceram a nossa cidade com novas concepções de arte.

O melhor do Palco é que nós pudemos conferir apresentações de qualidade por um preço bem, bem legal. Coisa rara aqui na capital pernambucana. Para quem não é ator, e não precisa viver do dinheiro arrecadado com a venda de ingressos - não se espante. É assim que os artistas sobreviverem -, os módicos R$ 10 e R$ 5 para quem era estudante, vieram bem a calhar. Diferentemente do que vemos no restante do país, aqui em Recife teatro bom é teatro caro...e raro. Quero dizer com "raro", que o que é produzido aqui, via de regra não interessa. Então, por uma companhia que vem do RJ é sempre válido pagar preços exorbitantes. Até que a bailarina principal tem uma febre e resolve não entrar em cena e a plateia (já com reforma ortográfica), fica a ver navios.

Depois de breve análise, vamos ao que interessa a nós, lisos. Ainda há tempo para aqueles que não foram a nenhum espetáculo, gastar no máximo R$ 10 reais e assistir a uma bela, ou não, apresentação artística. Não garanto que vai ser bom, mas já é um programa bem diferente dos que você, liso, está acostumado a fazer. Ou que o seu bolso costuma permitir. Vamos as atrações finais:


Quinta (28)
TEATRO APOLO - 20h
Entre Nós
Cia Vias da Dança - Recife
divulgação
Gênero: Dança
Classificação: 14 anos
Duração: 45 minutos
Sinopse
Eis a história de todos os amores. Aqui está o princípio, o meio e o fim. Vida e morte da emoção entre dois – coisa humana e sem explicação – retrato de encontros e desencontros que são nossa dor e alegria, não importa a cor ou o sexo. O cartaz do espetáculo "Entre nós", como um quadro de Magritte, poderia dizer: "Isto não é um espetáculo de dança". Ou melhor: "Isto não é só um espetáculo de dança". Há nessa coreografia de Ivaldo Mendonça um conjunto tão coeso de emoções e movimentos que chegamos a pensar numa música do corpo. E num mesmo espaço, a expressão corpórea transmuda a música de sua dança para algo mais amplo, uma terceira arte, e por isso aberta a infinitas definições. Desde o primeiro silêncio, como desde o primeiro olhar, o espetáculo é uma ode ao amor, um poema espacial em que a poesia do corpo, embalada pela música de Maria Bethânia, desenvolve uma narrativa que resume toda a história de sua paixão, desde o encontro – passando por desencontros e despedidas – até um possível e dialético (quando não utópico) reencontro final.

Quinta (28)
TEATRO HERMILO BORBA FILHO - 20h

Algum amor para Eugênia
Projeto O Aprendiz Encena - Recife
divulgação
Gênero: Drama
Classificação: 16 anos
Duração: 50 minutos
Sinopse
O texto tem como fio condutor memórias várias que se entrecruzam em vários movimentos que tecem tanto as lembranças de uma atriz que se inicia no teatro nos anos 1940 - Geninha da Rosa Borges - quanto de peças, autores, diretores com os quais ela trabalhou ou que fazem parte da herança cultural do teatro. Mas nem tudo o que a personagem Maria Eugênia revela são falas da atriz Geninha. Uma é duplo da outra, de onde emerge uma mulher esquiva e, ao mesmo tempo, vívida. Uma personagem que não é baseada na maneira de Geninha SER ou REPRESENTAR, mas num exercício ficcional, entre realismo e abstração (em permanentes sobressaltos silenciosos).


Sexta (29)
TEATRO APOLO - 20h

Cultura bovina?
Ginga Companhia de Dança - MT
divulgação
Gênero: Dança
Classificação: 12 anos
Duração: 35 minutos
Sinopse
Cultura Bovina? é um espetáculo sobre a busca da identidade e da linguagem estética da cultura sul-mato-grossense. A dramaturgia está apoiada no processo de pesquisa corporal iniciada pelo coreógrafo Chico Neller em 2002, que neste trabalho experimenta dialogar com a movimentação criativa de seus “bailarinos-intérpretes-criadores”, artistas que tentam sobreviver de arte onde a língua que se fala é a da soja, da arroba, do boi gordo. Por meio da movimentação corporal, a partir da abstração da imagem “bicho”, o espetáculo utiliza a metáfora do boi em seu curral representado por um cubo de alumínio. A coreografia emprega recursos do teatro e da dança, e a trilha sonora mescla diversas outras músicas e texturas que fazem referência ao tema do espetáculo – uma crítica à cultura da pecuária, leilões, política, prostituição – e à proposta de pesquisa em arte contemporânea.

Sábado (30)
TEATRO BARRETO JUNIOR - 20h

Inventário – aquilo que seria esquecido se a gente não contasse
Grupo Roda Gigante - RJ
divulgação
Gênero: Teatro adulto
Classificação: 14 anos
Duração: 60 minutos
Sinopse
Destinado à plateia adulta, o espetáculo apresenta depoimentos comoventes e bem humorados que buscam reproduzir cenas inesquecíveis da insólita experiência de ser palhaço em uma enfermaria de hospital. No palco, quatro atores vestindo jalecos brancos de médico e narizes vermelhos de palhaço misturam realidade e ficção nas vozes do paciente, do artista, do médico e do palhaço.


Ingressos dos espetáculos

R$ 10 (público em geral)
R$ 5 (comerciários e dependentes com carteira do Sesc, estudantes, idosos professores)
Atividades Formativas (Fórum de Dança, Seminário de Dança, Pensamento Giratório, Lançamento Literário) - Entrada franca

Teatro Barreto Júnior
Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n | Pina | Recife-PE
Teatro Hermilo Borba Filho
Rua do Apolo, 121 | Bairro do Recife | Recife-PE
Teatro Apolo
Rua do Apolo, 121 | Bairro do Recife | Recife-PE

1ª Mostra Internacional de Cinema Documentário

Por Thaís Nóbrega



Para quem gosta de cinema, uma dica imperdível: a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) promove, de 2 a 5 de junho, a 1ª Mostra Internacional de Cinema Documentário. Vinte produções serão veiculadas gratuitamente durante os 4 dias de Festival. Iran, Canadá, EUA, Espanha, África do Sul, Holanda, Afeganistão, Brasil, França, Argentina e Polônia irão retratar, através da tela do cinema, diversos processos sociais que fizeram parte das suas histórias. Para o estudante de Jornalismo Otávio Portugal, cinéfilo assumido, a mostra é bastante importante para despertar o interesse dos alunos. “O debate depois das sessões amplia o conhecimento e o gosto pelo cinema. O mais interessante é que durante a discussão surgem pontos de vistas diferentes que ajudam a esclarecer o filme."


A idéia da mostra surgiu a partir do contato com um dos diretores do Festival MirdasDoc de Isora, Tenerife, Espanha. A partir daí, a Unicap demonstrou o seu total interesse em sediar um evento anual desse porte. De acordo com o coordenador da Mostra, Leandro Tabosa, o Festival MirdasDoc “é uma forma da Unicap legitimar seu compromisso social e cultural com a sociedade através de políticas culturais geradas dentro da Instituição e estendidas para as comunidades”. Sobre o fato das sessões da mostra de documentários serem gratuitas, Tabosa defende a acessibilidade de todos. “A Mostra foi pensada, gerada e organizada para atingir não apenas o corpo acadêmico (discente e docente), mas toda sociedade pernambucana. Seria um egoísmo intelectual da Universidade trazer um importante festival internacional de documentários para transformá-lo numa simples mostra estudantil”, disse ele.


Além das sessões, a Mostra ainda conta com um ciclo de palestras gratuitas sobre “O panorama do documentário brasileiro” e “O documentário como ferramenta de diagnóstico social”, ministradas por professores da Universidade e convidados. As únicas atividades pagas que compõem a grade do Festival são as 4 oficinas oferecidas, que, mesmo com um desconto para os estudantes da Unicap, ainda têm um preço bastante salgado.


Você pode conferir a programação completa das sessões, além de se inscrever nas palestras e, quiçá, oficinas através do site.